A cara do brasileiro

"Afinal, quem somos nós, os brasileiros? A primeira vista, a resposta para essa pergunta é fácil: somos produto da miscigenação entre os colonizadores portugueses, os índios que aqui viviam e os africanos trazidos como mão-de-obra escrava, além dos emigrantes que chegaram entre os séculos XIX e XX - como alemães, italianos, japoneses. Até aí, tudo bem. Somos, enfim, um povo mestiço genética e culturamente que, apesar da diversidade, compartilha certos traços em comum [...].
Que o brasileiro é miscigenado, é algo que se vê. Mas quanto? Em que proporção? [...] Após pesquizar mais de 300 amostras genéticas de brasileiros de diversas regiões do país, isolando traços praticamente inalteráveis transmitidos de pai e mãe pra filho e filha durante séculos, (pesquizadores da Universidade Federal de Minas Gerais) tiveram algumas surpresas.
A primeira foi a diferença entre a carga genétia dos antepassados paternos e maternos [...]. A maioria tem traços europeus herdados dos antepassados masculinos e traços indígenas herdados da mãe. A ciência comprova que o colonizador europeu nao se fez rogado em ter uma prole numerosa com escravas e nativas.
A segunda surpresa está relacionada à falta de relação entre a cor da pele e a origem genética dos brasileiros. 'A cor, no país, diz pouco sobre a origem de uma pessoa', dix Sérgio Pena (geneticista da Universidade Federal de MG que comanda os estudos mapeando 500 anos de miscigenação no Brasil.) 'Cerca de dois terços das amostras genéticas de pessoas de cor branca não eram de origem europeia'. Esses dados revelam que no Brasil, a classificação de pessoas pelo aspecto físico é inútil, já que, genetiamente, muitos negros podem ser considerados brancos... e muitos brancos podem ser cosiderados negros. [...]"